ainda há beleza em mim
Eu sou uma vítima do acaso.
A sorte não vai com a minha cara.
O azar é meu fã.
E mesmo assim ainda sou um abençoado.
Tenho a capacidade de suprir todas as suas expectativas, assim como também posso ser a sua maior decepção. Minhas palavras são venenosas, quando bem dosadas, remédios milagrosos.
Sou o infeliz mais sorridente da minha rua, o amargurado mais contente do bairro e o espiritualista mais cético da cidade.
Tão sagaz que posso publicar um livro de contos, "Contos do vigário que já cai".
Minha honestidade é cheia de "porém", e a entrego para quem acho que mereça.
Eu não presto, não sirvo, não caibo, não suporto, transbordo.
A calmaria em pessoa, a tempestade materializada e forma de gente.
Gente!
Sou infantil demais para minha idade e velho demais para rir de tudo. Prolifero meu péssimo com a desculpa de um realismo sincero. E se minhas derrotas virassem troféus, teria que construir cômodos com dezenas de metros quadrados para guardar minha galeria.
Apesar de tudo sou muito corajoso quando não estou com medo, confiante quando não estou inseguro e sei fingir bem meus sentimentos.
Vômito depressão por engolir tantas lágrimas, minhas feridas internas poderiam ter virado pérolas, mas não! Se tornaram cicatrizes que cubro com um manto de bom humor.
Sou rancoroso, planejo todas as minhas vinganças, seria o vilão mais inspirador para as novelas, se eu tivesse ímpeto de realizar os meus planos.
Sou uma fortaleza, um forte, um bunker vulnerável, quebrável e frágil.
Sou apenas mais um na multidão e me encolho no mundaréu de pessoas.
Sou um monte de coisas ruins, como qualquer outro que julga essa poesia como auto depreciativa. Porém, eu a enxergo como autoaceitação.
E mesmo sendo um merda, se eu partir amanhã, eu sei que algumas pessoas chorarão por mim.
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